[Dia 07/09/2012 - Feriado da Independência do Brasil] O despertador toca em pleno feriado nacional. São 5h da manhã e ainda é noite escura em Porto Alegre, no Sul do Brasil. Não tenho dificuldades em pular da cama, pois de fato esse era o planejado. Em menos de 20 minutos, um copo de leite frio, 3 bananas, calça e blusa thermo skin, calça e jaqueta de cordura, botas, luvas, capacete e a mala de garupa. As 5h40min já estou no posto abastecendo e calibrando a motoca. Sigo o rito de revisão, ansioso, prestes a cumprir com o sonho de rodar na primeira das 10 melhores estradas do mundo para se pilotar de moto (segundo a minha "The Bucket List"). Enquanto forro o estômago com um pão de queijo, chega os dois parceiros dessa jornada (@duduzaohd e @mpropp). Às 6h em ponto, partimos.
Acessamos a BR290, conhecida como Freeway, e rumamos pro norte. Acompanhamos a bola avermelhada nascendo, o cheiro de orvalho matinal, o céu de vanilla e sentimos o vento. Mais ao norte, porém, o cenário não foi tão acolhedor. Na BR101, passando a fronteira dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o tempo se fechou num cinza arrochado e nos recebeu com um véu de bruma devidamente condensado. Foi preciso posicionar a cabeça no fluxo de ar gerado pela bolha (pára-brisa da moto) e deixar que ela fizésse o trabalho de limpar a viseira do capacete para voltar a enxergar o caminho e foi assim a cada 5 segundos até o odômetro cravar os 200km rodados - hora de parar para abastecer e esticar o esqueleto!
Seguindo em frente, acessamos a SC-445, SC-446 e finalmente a SC-438. A escolha do caminho simplesmente foi essa... não perguntem o motivo. Foi então, lá pelas 11h da manhã, que ela começou a mostrar suas curvas. Belas curvas, aliás! O batetor reportou: "As curvas nem começaram. Essas são só um aperitivo... o banquete está logo ali"...
Ela foi se revelando em placas... avisando do gelo na pista, das curvas sinuosas, da velocidade máxima, da iluminação e do uso de freio a motor.
Realizadas as preliminares, ela se apresentou semi nua - pouca sombra - cheia de curvas. Muitas curvas! Gostosa demais! Passamos pelas 284 curvas em 23km. No seu clímax, ela ficou ainda mais exigente e em 9Km apresentou suas 156 curvas mais iradas... nos agarramos naquela pele de concreto abrasiva para facilitar a íngreme subida.
Como era de se prever, alguns carros ficaram pelo caminho por pane mecânica (é comum superaquecer o motor ou perder os freios). Outros, porque perderam o controle nas curvas e beijaram o rochedo... poderia ter sido pior... antes o rochedo do que o precipício.
Nós seguimos em frente e atingimos o topo.Paramos no mirante, descansamos e curtímos o visual que não se apagará da memória.
Uma hora depois, retornamos pela sinuosa. No sentido contrário, em descida, fomos "devagarito no más" e a cada curva, o pescoço se esticava pra olhar aquela bela serra coberta pela mata Atlãntica.
[Meados de 2008] Comprei uma moto. Mesmo me borrando de medo, tive que comprar. Me incomodava o fato de não entender essa paixão dos motociclistas. Pensei: "Esses caras não são loucos! Tem algo interessante aí..." No primeiro passeio senti na pele o preconceito que os motoristas de veículos maiores tem em relação aos motociclistas.
Mas ao me afastar destes motoristas, pude explorar um olhar diferente do horizonte e sentir o ventão na cara. Uma sensação ímpar. Como pude viver sem isso, pensei.
[Dia 07/09/2012 - Feriado da Independência do Brasil] De volta a Porto Alegre, após 800km rodados em aproximadamente 12 horas (meio Iron Butt), me despedi dos companheiros dessa jornada. Dava pra notar a satisfação deles em seus capacetes... Ao chegar em casa, estacionei a moto na garagem e voltei a pensar: "Como pude viver sem isso".
Definitvamente, compre uma moto!
Serra do Rio do Rastro, SC:
Carro: Hyundai Genesis
Piloto: Rhys Millen
Tempo da subida: 7min 17s 898.
156 curvas ao longo de 9,5 km.
Baita motocada, gurizada. Ao contrário do que pensa a minha médica, a moto poderia ser prescrita como tratamento. Pilotar é terapêutico. Abraços!
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