segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Estranho...

Difícil crer que seja possível preferir o desconforto de uma motocicleta, onde se fica instavelmente instalado sobre um banquinho minúsculo, tendo que fazer peripécias para manter o equilíbrio e torcendo para que não haja areia na estrada.

Como podem achar bom transportar o passageiro, dito garupa, sem nenhum conforto ou segurança, forçando o coitado a agarrar-se à pança do motociclista, sujeitando ambos a toda sorte de desconfortos, como chuva, ou mesmo aquela "ducha" de água suja jogada pelo carro que passa sobre a poça ao lado, ou de ficarem inalando aquele malcheiroso escapamento dos caminhões em uma avenida movimentada como a marginal Tietê, por exemplo, sem falar da necessidade de se utilizar capas, casacos e capacetes, mesmo naqueles dias de calor intenso.

Isso tudo enquanto convivemos numa época em que os automóveis nos oferecem toda sorte de confortos e itens de segurança. Ar-condicionado, que permite que você chegue ao trabalho sem estar fedendo e suado; "air bags", barras laterais, cintos de três pontos, etc., que conferem ao passageiro uma segurança mais do que necessária; som ambiente; possibilidade de conversar com os passageiros (OS passageiros...) sem ter que gritar e assim por diante.

Intrigante personagem, esse tal de motociclista.

Apesar de tudo o que disse acima, vejo sempre em seus rostos um estranho e particular sorriso, que não me lembro de haver esboçado quando em meu carro, mesmo gozando de todas as facilidades de que ele dispõe.

Passei, então, a prestar um pouco mais de atenção e percebi que, durante minhas viagens, motociclistas, independente de que máquinas possuíssem, cumprimentavam-se uns aos outros, apesar de aparentemente jamais terem se visto antes daquele fugaz momento, quando se cruzaram em uma dessas estradas da vida.

Esquisito...

Prestei mais atenção e descobri que eles frequentemente se uniam e reuniam, como se fossem amigos de longa data, daqueles que temos tão poucos e de quem gostamos tanto.

Senti a solidariedade que os une. Vi também que, por baixo de muitas daquelas roupas de couro pesadas, faixas na cabeça, luvas, botas, correntes e caveiras, havia pessoas de todos os tipos, incluindo médicos, juízes, advogados, militares, etc. que, naquele momento, em nada faziam lembrar os sisudos, formais e irrepreensíveis profissionais que eram no seu dia a dia. Descobri até alguns colegas, a quem jamais imaginei ver paramentados tão estranhamente.

Muito esquisito...

Ao conversar com alguns deles, ouvi dos indizíveis prazeres de se "ganhar a estrada" sobre duas rodas; sobre a sensação deliciosa de se fazer novos amigos por onde se passa; da alegria da redescoberta do prazer da aventura, independente da idade; e da possibilidade de se ser livre e alegre, rompendo barreiras que existem apenas e tão somente em nossas mentes tão acostumadas à mediocridade.

Vi, ouvi e meditei sobre o assunto. Mudei a minha vida...

Maravilhoso personagem, esse tal de motociclista.

Muitas motos eu tive, mas jamais fui um verdadeiro motociclista, erro que, em tempo, trato agora de desfazer.

Mais que uma nova moto, a moto dos meus sonhos.

Mais que apenas uma moto, o rompimento dos grilhões que a mim impunham o medo e o preconceito e que por tanto tempo me impediram de desfrutar de tantas aventuras e amizades.

Quem sabe o tempo que perdi e as experiências que deixei de vivenciar.

Se antes olhava-os com estranheza, mesmo sendo proprietário de uma moto (mas não um motociclista) , vejo-os agora com profunda admiração e, quando não estou junto, com uma deliciosa pontinha de inveja.

O interessante, é que conheço pessoas que jamais possuíram moto, mas que estão em perfeita sintonia com o ideal motociclista.

Algumas chegam até mesmo a participar de encontros e listas de discussão, não que isto seja imprescindível ou importante. O que importa é a filosofia envolvida.

Hoje, minha garupa e eu, montados em nossos sonhos, planejamos, ainda timidamente, lances cada vez maiores, sempre dispostos a encontrar novos velhos amigos, que certamente nos acolherão de braços abertos.

Talvez, com um pouco de sorte, encontremos algum motorista que, em seu automóvel, note e ache estranho aquele personagem que, passando em uma motocicleta, com o vento no rosto, ainda que sob chuva ou frio, mostre-se alheio a tudo e feliz, exibindo um largo e incompreensível sorriso estampado no rosto.

Quem sabe ganharemos, então, mais um irmão motociclista para o nosso grupo.

Fernando Drummond

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Agora vai! Finalmente!

Depois de quase 1 ano, melhor dizendo, depois de mais de 19 anos, a chance é muito grande de termos mais de um revendedor da Harley-Davidson no Brasil. Tudo indica que irá melhorar, mas, só nos resta esperar...

Engraçado como isto tomou corpo, antes eram meia dúzia de proprietários que comentavam o tal processo, depois passou pela mídia especializada, agora até em Estadão, IG e etc... tem saido. A coisa tá feia pra eles... :D

"Pode chegar ao fim nesta semana a disputa entre a fabricante de motos americana Harley Davidson e a sua única rede de concessionárias no Brasil, a HDSP Comércio de Veículos, pertencente ao Grupo Izzo, de São Paulo. A queda-de-braço gira em torno de R$ 3 milhões. As empresas devem chegar a um acordo fora dos tribunais.
A possibilidade foi aberta com a suspensão da sentença proferida em junho deste ano em favor da Harley Davidson. Agora, as ex-parcerias –que atuaram juntas por mais de 19 anos — devem buscar uma negociação até a próxima sexta-feira (24/9)."

Fonte: http://colunistas.ig.com.br/leisenegocios/2010/09/20/briga-de-r-3-mi-contra-harley-davidson-pode-terminar-em-acordo/

sábado, 18 de setembro de 2010

Congelando os joelhos - Parte I

Em junho de 2009... Dois dias antes do feriado, por volta das 19h, estava percorrendo o trajeto trabalho-casa (BR 116 - de carro – ARGH!), quando recebi um SMS… era o cara da Harley 1600cc, dizendo: “_ Dae dos meu? Onde vamos no feriado?” Confesso que estava estressado com o trabalho e uma banda de moto seria um santo remédio… Só fiquei matutando onde iríamos no feriado…
O dia anterior ao feriado amanhece fechado, frio. A caminho do trabalho vou pensando nela… e olha que ela não é tão bonita, mas é gostosa – macia, 9 mil Km. Também vou pensando no roteiro. O último foi de 500 Km, mas este penso em 350 Km e poucas horas.
Chego no trabalho e falo com o cara da Falcon. “Desta vez estou fora.” – diz ele. “Tenho um compromisso com o guri.” Acho que só a família pra fazer a gente largar desta cachaça. Que cachaça boa!
Finalmente respondi o SMS por e-mail. Sem resposta, esperei. Ao final do dia e dois e-mails depois, tudo combinado. Agora é só aguardar.
Feriado, 13 horas. Estou atrasado… o lugar de enconto é o de sempre. Cheguei, abasteci, calibrei. “O sr. viu esse prego aqui?” – escutei. Ferrou! Preciso de uma borracharia no feriado. Saí à procura. Na primeira, “não trabalhamos com pneu de moto”. Na segunda, o sotaque de alemão informou: “Tim uma loco loco ali no frente. A chente no faz aqui de moto”. Na terceira: “Bah, tchê! Eu tava saindo com a minha pra dar uma volta… não tá frio, hein?” – esse é o cara, pensei. Em menos de 10 minutos, estava na estrada rumo a Serra. Mas ele não se animou em sair por causa do frio. Bem capaz! Vamos nessa, dos meo!
Uma hora depois e o frio tomava conta do corpo. No alto da serra, o sol encoberto por nuvens e pelas árvores das encostas deixavam o asfalto mais escuro, aparência de molhado. Os poucos raios de sol que alcançavam o asfalto pareciam pequenos aquecedores tentando nos ajudar na subida, mas os joelhos, mesmo agasalhados, revelavam dolorosamente o gelo da serra gaúcha à 130 km/h. Mais do que isso, os joelhos congelariam e depois poderiam se quebrar em centenas de pedaços - essa era a sensação. Mas ainda assim, eu estava curtindo a pilotagem: “Na próxima curva vou deitar mais um pouco”.
Lá pelas 17h, ainda nos arredores da serra, paramos. Era muito frio. O HOG member, fardado a caráter, teve a idéia de colocar a capa de chuva. Boa idéia, aliás. Ele estava de camiseta de manga curta por baixo da jaqueta HD. Manga curta, dos meo?! Tá louco?
“_ Dos meo, se tivesse uma daquelas malharias por aqui eu comprava tudo e saia com todas as peças vestidas!” – exclamou o “manga curta”.
E o mané aqui, estava de tênis… bom calçado pra passear, mas não para andar de moto!!!! Pés gelados e joelhos congelados. Bueno, seguimos viagem. Congelando.
No meio do caminho, surge um espirro! Alguém já espirrou pilotando uma moto (e de capacete, claro)? Primeiro você pensa que não pode espirrar e, então, tranca o espirro pra dar tempo de encostar a moto, mas quando você começa a reduzir, o espirro vem feito um esguicho de jardim... um horror. São 10 minutos limpando tudo pra voltar a vestir o capacete. Uhauhauhuah.
Algumas horas depois, o laçador sinaliza a chegada. São 18h30min.
Pra quê se despedir do parceiro? Queremos chegar em casa logo, tomar um banho quente, botar uma roupa e esquentar o sangue. Uma buzinada, mão pra cima (default) e um pra cada lado. Cheguei em casa, esquentei a água pro mate e fui pro banho escaldante. Sai do box batendo na pia… era uma fumaceira só – enxergava nada. Desisti de pentear o cabelo porque o espelho parecia um pára-brisa de corcel I em dia de chuva com a família toda dentro – a fralda do guri não dá conta de desembaçar!
Duas calças, dois blusões, duas térmicas e nada! Tava tudo quente, menos os joelhos. O joelho permite os seguintes movimentos: flexão, extensão, assim como uma leve rotação lateral e medial. O joelho também possui mecanismos especiais de travamento e destravamento, relacionados ao movimento dos côndilos femorais no platô tibial. Aparentemente, tudo funcionando… mas vinha um frio de dentro deles! Uma Brastemp!
Lá pelas 22h fomos assistir um DVD no quarto. Pensei: “se a gata notar que meu joelho está uma pedra de gelo, ela vai me expulsar da cama.”
Que nada! Quarenta minutos depois o joelho tava pegando fogo. Só a família pra fazer a gente largar dessa cachaça de moto!
PS: Mal sabia que em 2010 teria uma bandinha de moto ainda mais fria que essa. Contaremos em breve. Um abraço!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Pois então...

"se o governo não tem capacidade de garantir o produto que é vendido para colocar no tanque da minha moto, como pode o governo exigir que se controle aquilo que sai pelo escapamento?" by Artur Porcão, fundador do fórum HD - www.forumhd.com.br

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Voltinha pelas redondezas...

RedFish-SMS> Dae dos Meo! Let's move that fat ass?
Duduzão-SMS> Bah, dos Meo... estou com uma reunião agendada em um cliente. Não vai dar.
Porto Alegre, 06 de setembro de 2010, 15h30, 21ºC, sol com nuvens, vento.

Vou sozinho. Pra onde? Não interessa o lugar... é subir na moto e seguir em frente.
Chego na garagem e fico surpreso! Quanta moto!!! Há poucos dias não era assim... agora tá cheio de moto no meu prédio. Me chamou a atenção uma clássica das 2 rodas: CB400. Ao lado, uma CB1300 (abaixo, algumas fotos). Passo por elas e digo: Vocês deveriam estar na estrada...
Subo na negrona e vou pro sol. Nem frio e nem quente. Não penso em nada, só na estrada... é bom andar de moto!



Trajeto:














CB1300


CB400